Now I Wanna Sniff Some Glue
- Kira Yagami
- 20 de mar. de 2015
- 3 min de leitura
Em 1920 é declarada Lei Seca nos Estados Unidos da América, fica proibido a venda, produção, transporte e consumo de bebidas alcoólicas em todo território americano.
Em 1933 o Presidente Franklin Roosevelt, o mesmo que regularia a economia com ajuda do Keynesianismo e o mesmo que iria a Yalta conversar com Churchill e Stálin, permite que a cerveja seja produzida, vendida, transportada e consumida em todo território americano, e anos depois não haveria uma única bebida proibida nos Estados Unidos.
Em 1971 o presidente Richard Nixon, o mesmo presidente gênio em relações internacionais e o mesmo do caso Watergate, declara que as drogas são o inimigo público número um dos Estados Unidos.
No presente momento, os americanos gastaram mais de 50 bilhões combatendo um inimigo que nem sequer carrega armas.
Considerando a época da guerra fria, todos os aliados americanos também declararam guerra as drogas, na estimativa da London School of Economics, o mundo já gastou 300 bilhões de dólares combatendo um inimigo que nem sequer carrega armas.
A semelhança entre esses dois erros é bem nítida. Em 1920 a pressão conservadora religiosa forçou a lei a passar, fazia sentido tirar o álcool da população, maior produtividade, menos violência, mas, a população queria parar de consumir álcool?
“Ei Al Capone, vê se te emenda, já sabem do teu furo, nego, no imposto de renda”
Al Capone é só a ponta do iceberg de 13 anos negros na história americana, a proibição falhou miseravelmente, a população americana nunca quis parar de consumir álcool, o desejo ainda existia, e só bastava uma única ligação, se a população quer, mas é contra lei, que seja feito fora de lei, nasceram inúmeros alambiques clandestinos, subterrâneos, e a única bebida comercializada era destilada, Whisky fora da regulamentação da indústria, a população parou de tomar a cerveja e o vinho, e passou a tomar destilados alcoólicos, e já que era contra a lei, custava caro, e assim se fez a Máfia, e já que era tão fora da lei assim, porque não ganhar mercados assassinando outros produtores de destilados e tendo pra si todo o consumo da população, Al Capone é o caso mais famoso mas está longe de ser o único, em 1933 com certeza a população comemorou a liberação da cerveja com litros e litros de cerveja.

(Filme indicado: The Untouchables de 1987, De Niro como Al Capone e Sean Connery como Jimmy Malone)

O país da liberdade cerceou a liberdade de seus cidadãos de consumir álcool e 50 anos depois, cerceou a liberdade de seus cidadãos de consumir drogas. Milton Friedman, economista eleito pela The Economist como mais influente na segunda metade do século XX e conselheiro de Nixon, já havia dito ao presidente o quão problemático seria uma política dessas.
No âmbito econômico os problemas são ainda maiores, a quantidade de dinheiro gasto na repressão poderia ser usado na prevenção e na ajuda a viciados, naturalmente como a Máfia na Lei Seca Americana, surgiram bandos armados que vendem drogas, a lei proíbe, mas a população deseja não usar? A venda ilegal de drogas cria as organizações criminosas, que vez ou outra se misturam com ideologia como as FARC, ou simplesmente nasceram de ideologias mas se tornaram somente organizações criminosas, como o Comando Vermelho, nascido aqui do lado de casa, no presídio da Ilha Grande, e isso mata gente dos três lados, da polícia, do tráfico e da população no meio do fogo cruzado, tudo isso porque a população é proibida de comprar e vender drogas.
As drogas se tornaram o desejo de algumas pessoas, é como um fruto proibido, o próprio Friedman diz isso, certas pessoas se sentem atraídas pelo perigo de estar fora da lei, pessoas assim existem desde sempre, e são essas as mais propícias a adquirir um vício só por conta do proibição.
“Esse papo de legalização é coisa de vagabundo, maconheiro, traficante”
Esse papo de legalização de drogas é coisa de quem percebe o mal que a repressão causa, o dinheiro queimado como um cigarro de maconha numa tentativa impossível de parar o consumo, a única maneira do consumo parar é a própria população rejeitá-la.

É necessário enxergar além do discurso de proibição causado pela incerteza, quais problemas são realmente causados pelas drogas e quais são causados pela repressão às drogas? A liberação aproxima o usuário da ajuda necessária, e a conversa sobre drogas se aproxima da sociedade.
No final das contas as drogas hoje ilícitas são como o álcool?
Se a Lei seca americana falhou miseravelmente, porque a Guerra as drogas funcionaria?
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