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Política por outros meios

  • Kira Yagami
  • 30 de mar. de 2015
  • 5 min de leitura

Desde sempre fui um viciado em vídeo-game, com uns 5 anos eu descobri o maravilhoso Command & Conquer, rodando aquela velha fita no já idoso N64, eu me divertia brincando com tanques e pequenos soldados pixelizados, logo percebi o gênero e que existiam outros tipos de jogos assim, descobri um amor novo, a estratégia, contrabalanceada pela ação de outros demais FPS da época, vide Perfect Dark. Eu entrava em êxtase planejando as estratégias que usaria para tomar as bases inimigas, emboscar os soldados fazendo guarda, e fazia Blitzkrieg sem nem sonhar quem era Guderian e o que Seria uma Blitzkrieg.

Heinz Guderian

Essa boa época construiu em mim um gosto pela “guerra”, antes que as pedras voem, é bom deixar claro que eu não digo que gosto de ver a casa de milhão onde chegam os números de mortos, ou a destruição causada por ela, mas a guerra me fascina em seu desfecho, porque Aníbal venceu as batalhas que precisava, porque os confederados perderam a guerra, todas essas questões me fascinam, a cabeça de cada líder, os alicerces que mantém aquilo, isso me levou rapidamente a perceber que por artilharias na montanha funcionava melhor do que por num lugar plano, o relevo me chamava atenção, não demorou para eu me apaixonar numa ciência que até então era só uma junção de palavras que eu não entendia muito bem, a Geopolítica.

A Geopolítica é a algo difícil de se dar uma função, por Kjéllen, Suéco e cunhador do nome, Geopolítica é o estudo do território como um país, dentro desse estudo as abordagens usadas são de como melhorá-lo, ou seja, de como fazê-lo melhor que os outros e assim que tal estado seja soberano aos demais, a guerra sempre surge no horizonte do estudo, é por meio da guerra que a nação soberana provará que é soberana.

Nas palavras de Clausewitz, general prussiano, “A guerra é a continuação da política por outros meios”, no fim das contas, de fato é só política, não ter exterminado as tropas inglesas em Dunquerque na Segunda Guerra Mundial era a política usada por Hitler para estabelecer paz com a Inglaterra, no final, é tudo política.

Clausewitz adiciona um elemento nessa política, para se fazer guerra é necessário o conhecimento do relevo, onde achar montes, montanhas, rios, lagos, estepes planas, isso faz toda a diferença numa batalha.

Mahan

Alfred-Thayer-Mahan.jpg

Alfred Thayer Mahan foi um almirante que lutou ao lado do Norte na Guerra da Secessão nos Estados Unidos, o Sul não possuía marinha e foi fácil Mahan notar o valor de uma marinha. Em 1860, um ano antes de Mahan entrar em guerra, a Inglaterra era o maior império do mundo, o sol nunca se punha no império, uma única ilha, menor que o Estado de Minas Gerais, domina boa parte do globo, mas como se dá tal feito? O que faz a Inglaterra ter todo esse poder?

Mahan sabia que o mar era no fundo, uma grande estepe mongol, sem montanhas e sem rios, onde qualquer caminho poderia ser traçado e retraçado, tais caminhos nós chamamos de rotas comerciais, sendo assim, era dever da Inglaterra como potência marítima tomar todos os pontos de apoio para tal, isto é, Malta para vigiar o Mediterrâneo, Suez no Egito, Gibraltar na Espanha, Singapura na Ásia todos esses são estreitos onde o império inglês domina e isso faz livre as tais rotas comerciais, rotas comerciais servem somente para comércio, mas, quem tem as riquezas do mundo, tem no fim, o próprio mundo.

Mahan nota isso como um exemplo a ser seguido pelos Estados Unidos, depois de derrotado, o México não seria mais problema, os Estados Unidos se afirmaram em suas fronteiras terrestres, protegendo os flancos existe cada um dos oceanos, os estados unidos herdaram da Inglaterra muito mais do que colonos.

Mackinder

Portrait_of_Sir_Halford_John_Mackinder.jpg

Sir Halford Mackinder é o profeta da primeira metade do século, parte dele tais teorias que me deixaram bobo ao notar que de fato, acontecem e aconteceram.

Diferente de Mahan e Clausewitz, Mackinder é um civil, professor de geografia de Oxford e depois diretor da London School of Economics and Science Political.

Diferente do vitorioso Walter Raleigh, carrasco da marinha espanhola no século XVI, que achava que as rotas comerciais dariam o mundo ao seu detentor, Mackinder teorizava sobre a Ilha Mundo, mas afinal, o que de fato seria uma Ilha Mundo, ou, como ele mesmo disse, Heartland.

A Ilha Mundo é somente um nome para um território, um espaço geográfico, tal espaço não pode ser definido num mapa em si, necessita-se de três coisas, uma planície vasta, rios navegáveis e zona de pastagem, sendo assim, o Interior-Norte da Eurásia, dos limites do Ártico até os desertos da Ásia central, isto é, Gobi e Irã, e além disso, a cadeia do Himalaia, em termos horizontais, do Báltico até o vazio mortal da Sibéria, uma espécie de deserto de gelo.

Cercando o grande coração do mundo, ainda haveria regiões costeiras como a Europa e a Indochina, fechando a tais regiões numa segunda cidadela, duas ilhas guardariam o oceano, a Grã-Bretanha e o Japão, e então as Ilhas que estariam fora disso, As Américas e a Austrália.

Sendo assim, quem detém o Heartland detém o poder global.

Desta maneira, no século XIX, o Império Ultramarino Inglês deixava sem sentido o Heartland, já que esta dominava o mundo, e a Rússia punha toda essa terra a sua lei, com a ferrovia e a revolução industrial, o Heartland passou a ter a centralidade que tinha. O maior pesadelo da Grã-Bretanha é deixar de fazer parte da Europa, do Heartland, confrontar suas frotas com uma única potência detentora do Heartland, isso aparece na história todas as vezes, A Inglaterra formou sete coalisões antes de finalmente derrotar napoleão, quando a França tentava cortá-la dos mercados necessários a ela, a Inglaterra ao mesmo tempo em que sagra senhora dos mares, dominadora do mundo, vive sempre numa corda bamba, onde quem deter o Heartland, destrói tal império, na Primeira Guerra Mundial, são os Ingleses a batalhar no continente, impedindo que Guillherme II derrote a França e a Rússia e assim estabelecer sua hegemonia, Em 1939, isso volta a acontecer, por qual motivo a Inglaterra de Churchill não saiu da guerra? Com a França derrotada, não restava nada a Berlim se não completar seu domínio hegemônico e sendo assim, qualquer proposta de paz Hitleriana era impensável, a Inglaterra luta até o fim em três situações mundiais e nesta última, a Inglaterra acaba por fim indo até onde não conseguia mais se aguentar.

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Mackinder precisa ainda por em voga um elemento periférico novo na geopolítica mundial de 1943, os Estados Unidos, que emergem herdando da Inglaterra quase tudo, suas pessoas, sua língua e seu domínio marítimo, do outro lado emergia a potência do Heartland, a União Soviética de Stálin.

A potência terrestre se consagraria sobre a potência marítima?

Era necessário que houvesse uma cooperação, dos Estados Unidos partia a defesa final, a última e mais difícil linha a ser rompida pela potência terrestre, cabia a Inglaterra agir como a Malta que vigia o Mediterrâneo, a porção de terra insular que dá apoio e vigia a Europa, e a primeira linha de defesa que cairia, a França, como porta de entrada anglo-americana.

Em 1949 quando a União Soviética fecha um grande bloco impossível de se deter e se penetrar, hostil aos americanos, faz também nascer a cooperação dos três estados e dos demais agregados, nasce a OTAN, liderado claramente pelos Estados Unidos.

A geopolítica é a ciência que prevê isso, é a política que tem como meio a guerra.

Nota-se que o mundo gira nisso, o Império Inglês não dominou o que dominou pelo acaso, nem lutou duas guerras mundiais por um outro acaso.

O nascimento das ditaduras na américa do sul na década de 60 é a maneira geopolítica dos estados unidos negarem terreno para a União Soviética, os Estados Unidos estavam assegurando seu próprio Heartland, e não deixando que a União Soviética faça o mesmo, em 60 com o Vietnã e em 80 com o Afeganistão, em contra-golpe, a União Soviética lhes apresenta a Ilha de Cuba.

No fim, o século XX inteiro rodou na geopolítica, porque o XXI deixaria de rodar?

 
 
 

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