Si Vis Pacem, Para Bellum
- Kira Yagami
- 12 de jun. de 2015
- 4 min de leitura
O senso comum normalmente tende a ser conservador e nem mesmo sentir que está sendo, porque aparentemente conservador é uma palavra que denota coisas ruins, velhas, retrógradas, sendo assim, a própria sociedade não nota seu conservadorismo, mas ele se faz presente quando aquela vontade de deixar as coisas como estão se apresenta.
Conservadorismo não é nenhum tipo de bicho de sete cabeças, é uma opinião que eu, particularmente, respeito, assim como respeito a qualquer outra, desde as mais absurdas, até as mais sensatas, mas o fato é que boas situações podem ser conservadas, o contraponto do conservador é o progressista, cujo nome dá a impressão de quem faz as coisas, as põe para a frente, cujo nome está na bandeira da Nação, mas o progressista é somente o sujeito que tenta mudar as coisas, por tanto, eles nunca se entendem, o conservador acha que legalizar drogas não funciona, que aborto é matar bebês, que as coisas deveriam ficar como está, e o progressista acha o oposto, não cabe a mim dizer qual deles é certo, confesso que de fato sou mais progressista do que conservador, visto que não existe individuo completamente conservador ou progressista.
Mas é nos piores âmbitos do conservadorismo que surgem certas raivas e brigas com movimentos que procuram mudar as coisas na sociedade, acaba nascendo por exemplo, o ódio ao movimento LGBT, normalmente o conservador tende a ser cristão, daí se tem a errônea ideia de que todo crente em cristo, ou evangélico é um homofóbico, de fato vai contra as regras da religião que eles escolheram seguir, mas isso não significa que todos eles sejam boçais a ponto de odiar gays, infelizmente essa gama é pequena, assim como é pequena a gama de boas pessoas na sociedade e por ai vai, mas se existe um movimento de ódio contra a mudança, é natural que a mudança vá odiar o movimento que tenta manter os padrões, dessa maneira, os dois grupos começam a se atacar cegamente, culpando um ao outro, fazendo contra o outro o que não gostariam que fizessem com eles.
Essa análise aborda somente a questão LGBT, mas, ela acaba servindo para todo o resto, direitas e esquerdas, estatistas e anarquistas, acabam iniciando guerras sem fim que hora ou outra estoura numa batalha idiota onde alguém sai ferido fisicamente.
Analisando dessa maneira, um “anti-movimento” acaba fortalecendo seu próprio inimigo, e o forçando a elevar a força e isso se torna um sem-fim, onde cada um vai ficando cada vez mais “anti”, até chegar num momento onde o importante não é mais o movimento e sim a aniquilação ideológica do movimento rival, até chegar num momento onde o movimento desaba.
Sobre Boticário.
Não existe maneira de abordar isso sem usar minhas próprias opiniões.
A empresa sabe muito bem que o movimento LGBT tem estado forte o suficiente na mídia, um comercial homoafetivo chamaria atenção das pessoas, a empresa queria ser falada, ela não se importa se quem vai comprar é gay ou hétero, eu não sou o Presidente da Boticário, mas, com certeza eu venderia meus produtos até mesmo pra um jumento se ele me pagasse, no fim, quem era a favor do comercial dava a empresa sua propaganda de graça, e ela ainda saia na mídia como um bastião de união igualitária, e quem era contra nem se quer notava que também fazia propaganda quando dizia que era um absurdo, é a mesma pegada de reclamar de feminista com cabelo nas axilas, caso não tenha dado pra perceber ainda, aquilo serve pra você reclamar, falar sobre, mesmo que mal, mas, falar, divulgar. No fim de tudo isso, a empresa usou seu próprio dinheiro para gravar um comercial e pagou com o próprio dinheiro a uma empresa de televisão que exibiu o comercial, tudo isso é dinheiro privado, porque deveria alguém tentar proibir o comercial?
Uma das maiores armas que o progressista tem sobre o conservador é isso, ele não tem o que respeitar, ele pode fazer o que quiser e assim, chocar o conservador, que acaba caindo nesse velho truque como uma formiga atrás de açúcar.
E para fechar com chave de ouro, tivemos ainda a crucificação de uma travesti numa cruz.
Criticada por boa parte do cristianismo, ela atingiu o objetivo, por aquilo na mídia. Sem envolver questões religiosas, uma cruz não representa Jesus Cristo de maneira nenhuma, de fato que Yeshua foi crucificado, mas além dele mais uma infinidade de pessoas que ficaram fora da história, a cruz não quer dizer nada além de sofrimento. A travesti que estava ali crucificada jamais quis fazer alusão a Yeshua, não faria sentido, ela de fato quis dizer que as pessoas Trans são crucificadas pela sociedade e, sinceramente, ela não errou.
Mas a igreja não deveria falar ou reclamar?
Obviamente que ela pode, se ela deveria ou não, cabe a ela mesma julgar, mas cabe a ela também saber que o movimento pode agir da maneira que quiser contra o que for falado, ambos podem se criticar, o Estado brasileiro é laico, mesmo que grande parte dele seja cristão, não existe leis que proíbam algo ou alguém de falar mal de outro algo ou outro alguém. Sempre tentei conciliar a defesa da liberdade com os direitos humanos, e eu realmente não sei onde acaba a crítica e começa o discurso de ódio, isso não é uma tentativa de negar que gays são assassinados ou espancados por serem gays, que lésbicas são estupradas somente para “serem endireitadas”, estou ciente desses problemas, mas proibir críticas é uma afronta a liberdade de expressão.
O sujeito que assassina um gay, de fato é homofóbico, mas antes disso ele tem outros problemas, o mesmo serve ao estuprador da lésbica. Tendo esse tipo de problema, o movimento se encontra sem saída a não ser, aprender a brigar para viver em paz, o agente que tenta destruir o movimento no fim, só o torna mais forte e assim o ciclo nunca tem fim. Si vis pacem, para bellum.
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